O ENSINO DE FILOSOFIA E INFÂNCIA

 

            Silvano Severino Dias

Faculdade Católica de Uberlândia
ESAMC Uberlândia

           

            Trata-se de analisar a atividade filosófica, que se pauta pelo ‘uso do conceito’ ou até mesmo pela ‘interpretação’ e ‘reformulação de conceitos’, que situa o adulto como sujeito do fazer filosófico. O mundo das crianças, quando analisado a partir deste crivo foi tido como um ser a parte, diferente do mundo adulto, não sendo ainda ‘capaz’ de desempenhar este ofício, esta atividade. Mesmo Montaigne (1533-1592) e Rousseau (1712-1778) apontando que o mundo da criança é diferente do adulto, sendo, portanto, um ser com problemas peculiares, cabendo ao adulto esforçar-se por compreendê-lo em função de tais problemas, este modo de compreender a atividade filosófica continua a tratar os seus alunos (educandos) como se esta ‘verdade’ não estivesse consagrada pelos teóricos e pela observação do dia a dia. A academia, ao permanecer formando professores de filosofia, exclusivamente, a partir do pensar com conceitos, estes profissionais reproduz, nas escolas de Ensino Médio e de Ensino Fundamental, não somente um modo de proceder metodologicamente, mas uma visão implícita de criança, de currículo escolar, de sala de aula e de avaliação da aprendizagem, presente em sua atuação profissional.

            Procurando evitar o erro oposto, de evidenciar as diferenças e as peculiaridades que há entre os indivíduos, os grupos e as idades. Querendo sair do erro de considerar a criança como modelo reduzido, que deve ser ajustado o mais depressa possível à normas de gente grande, podemos acentuar as suas peculiaridades ao ponto de considera-la uma espécie de ser diferente apontamos que tal visão situa a criança num mundo à parte, sem norma nem barreira, guiado por uma lei obscura da própria natureza, que acabaria por domesticá-lo. As disposições naturais da criança estão destinadas a seguir as leis da natureza natural, sem intervenção do adulto ou para que estas disposições desenvolvam-se é necessário exercício, ensinamentos?

           

            Rousseau, no Emílio, ao demarcar o período da infância entre 0 e 12 anos, apronta que a  natureza quer que as crianças sejam crianças antes de serem adultos e a aprendizagem, nesta etapa da vida, é mediada pelos sentidos. É pelo exercício dos sentidos que a criança aprende a julgar bem. Além disso, este autor afirma que deixando a criança ao livre desenvolvimento, a natureza leva ao triunfo dos sentimentos, não da razão; do instinto, não da reflexão; da autoconservação, não da opressão. Assim, ele compreende o homem originariamente não como sendo racional, mas como sentimento e paixão.

            À luz da hermenêutica, destacamos que não se trata de reduzir o mundo da criança à lógica do adulto, nem de acentuar as peculiaridades do mundo da criança guiado por uma lei obscura da natureza, que acabaria por domesticá-lo.  O adulto e a criança são diferentes se tomarmos como referência o uso da razão, do pensamento lógico conceitual, mas se tomarmos como referência como ambos se relacionam com as coisas que constituem o mundo e com os outros e consigo mesmo, a vivência assume papel preponderante. As relações das individualidades que se constituem em experiências vivas é o ponto de encontro entre o mundo da criança e o do adulto, e, consequentemente do filosofar.

 

 

 

 

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